segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Bem vindo ao tempo de questionar. Tudo.


O início do século XXI aconteceu quando mesmo? À parte as questões cronológicas, creio que o século começou mesmo no  11 de setembro de 2001. Ali é que tudo mudou, ou começou a mudar. Ali nasceu um novo tempo, com novas atitudes. Não somente boas coisas nascem de algo tão terrível, é claro. Mas ali começou o questionamento sistemático que tem marcado o início dos anos seguintes. E nosso século tem sido marcado por esse questionamento. Já não é óbvio quem será a grande potência nos próximos anos. Já não é claro qual o estilo de vida e de sociedade que serve de modelo. O futuro encontra-se mais aberto do que nunca, cheios de dúvidas que estamos. E esta dúvida sim, é bem-vinda. Porque se antes tínhamos respostas, é certo que não eram respostas tão boas. Só não nos permitíamos fazer as perguntas com tanta desenvoltura. Agora, não mais.
Coisas que antes não fariam sentido, são fatos. O presidente dos Estados Unidos é um negro. A igreja católica enfrenta dificuldades de credibilidade cada dia maiores. A economia mundial inclina-se para os emergentes. O Brasil é o país do agora, não mais o do futuro.
Não temos mais certezas, não damos nada mais como favas contadas. Tudo precisa ser revisto, analisado, pensado. Nada escapa – nem o significado da família, do casamento, o papel dos pais na educação dos filhos. Qual a carreira que lhe dará um futuro? Quais são suas prioridades de vida? A tudo, cabe pensar e questionar. E isso é bom. Quem sabe nos levará a respostas novas. Porque as velhas, a gente sabe bem onde nos levaram por esses anos todos.
Talvez estejamos começando a ficar um pouquinho mais espertos. Como Sócrates disse, há muitos séculos, provando sua própria capacidade de questionar e reinventar: Só sei que nada sei.
Essa é a atitude que nos leva a buscar novos caminhos e novas soluções. Desacreditando das velhas formulas e das respostas prontas, podemos ao menos ter a esperança de encontrar caminhos mais humanos, verdadeiros, autênticos na busca por uma vida mais plena e mais feliz.
Então, seja bem vindo ao tempo de questionar. Escolha algo na sua vida, no seu mundo, e se pergunte: é isso mesmo? Está certo? É o que deve ser? Questione-se sobre qualquer coisa na sua vida. E quando você menos esperar, pode até se surpreender com a resposta.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Diabo é o Medo.


"Somos uma corda estendida por sobre um abismo; o abismo que separa o animal que fomos do supra-homem que podemos ser."
Nietzsche



Um dia meu genial amigo Fernando Taulois me escreveu um de seus emails incríveis e entre outras coisas, compartilhou comigo uma idéia sob a forma de uma pergunta:

- O diabo é o medo?

Sim, o diabo é o medo.  Uma das duas forças fundamentais que nos movem na vida. O medo é grande, pode ser imenso, poderoso. Motiva ações no mundo todo, todos os dias, e faz com que pessoas acordem e façam tudo aquilo que não gostariam, o dia todo. Faz com que sejamos "Os únicos animais que fazem o que NÃO querem".  Porque a alternativa; inspira o medo.

Mas o medo não é a única força que nos move. Somos movidos - como tudo neste mundo - por duas forças, dois pólos, yin e yang.

A força oposta ao medo é o amor. Amor que os homens já não sabem muito bem o que significa; exceto quando olham para seus filhos.
Porque amor é uma força difícil de ser entendida por seres tão pequenos como nós: o amor, para ter força, exige uma coisa que nos é muito difícil: o amor verdadeiro é incondicional.
Todo amor verdadeiro é incondicional. E tudo que é incondicional tem a força da certeza, daquilo que É, simplesmente. É simples amar o belo, o fácil, o confortável. O que nos ajuda, o que nos impulsiona.
É difícil amar o que nos desafia, o que nos desestabiliza, o que nos exige. E veja que amamos tudo isso em nossos filhos - exatamente porque amor é incondicional.
Ou não é amor.
Somos seres muito pequenos, frágeis e limitados, não conseguimos erguer os olhos de nossos umbigos em 99% do tempo. Por isso, pode-se dar ao amor o nome que quiser, mas ele não será algo fácil de ser alcançado, porque exige verdadeira entrega.

Mas uma vez que haja essa entrega, curiosamente, não há nada mais fácil.

Já o medo - o medo é natural a todos os animais, é tão básico que acontece antes do raciocínio - é tão rasteiro que qualquer réptil é capaz de senti-lo. É a parte mais primitiva de nós, a parte que conhecemos mais intimamente, há milhares de anos. A parte quase irresistível da nossa natureza bestial.

Quase. Porque somos, todos, capazes de vencer nossos medos, quando surgem motivos certos. Oposto ao medo, o amor é a mais sofisticada, evoluída e sutil manifestação da nossa capacidade como "seres que podem ser mais que simples animais".

Mas faz relativamente pouco tempo que somos mais que animais.
Isso ainda nos é distante, estranho, pouco natural.
Precisamos ainda de esforço e concentração. Um dia será natural, ainda mais natural que o próprio medo. Não é para a nossa geração, claro.
Mas contemplar essa idéia, e defendê-la, é o melhor que podemos fazer como "nossa parte" para ajudar a pavimentar esse caminho.



© 2010 Paulo R. Ferreira. Todos os direitos reservados.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A medida exata.


Há de existir uma medida exata, que nem eu nem você conhecemos, para se manter um indivíduo exatamente na linha fina; verdadeiramente cortante, que separa a necessidade de desonestidade. Essa medida, só a conhecem as linhagens a quem foi dado decidir quem vive e quem morre, desde centenas de anos. E mesmo esses não são capazes de expressá-la, posto que é tão tênue, linha tão risível, quase quântica: a trazem marcada como receita, entranhada fundo na mitocôndria, no próprio DNA. Tão entranhada que não a tem como coisa consciente, posto que, por sua vez, viver conscientemente com tal absoluta crueldade seria intolerável (pelo menos assim creio eu, da minha inocência de gente comum) a qualquer pessoa. Acordar pela manhã, olhar-se no espelho, e saber-se responsável, de caso pensado, por manter outros seres humanos numa miséria, numa desumanidade tamanha; seria ter de reconhecer-se um monstro, sentir-se verdadeiramente demoníaco. Imagine a medida exata que mantém uma mãe no ponto extremo de levar a sério um país no qual seus filhos vendem balas no sinal aos cinco anos de idade – e ainda assim, não os quer transformados em delinqüentes; celerados; animais intrinsecamente destruidores da própria sociedade que os coloca nessa condição.
Imagine a força necessária para se manter honesto e minimamente decente, vendo seus próprios filhos, sua própria carne e seu próprio sangue explorados de modo tão baixo e vil. Imagine, somente por um instante, o seu próprio filho ou filha, aos cinco anos de idade, vivendo na rua, dormindo entre trapos sujos e transitando entre a fumaça dos carros numa avenida Tiradentes, em são Paulo, ou numa avenida Brasil, no Rio – batendo nos vidros dos carros dos cidadãos de bem, segurando nas mãozinhas miúdas uma caixa de chicletes, a qual pedem humildemente que comprem, por favor, “pra me ajudar, tio”. Sem comida, sem escola, sem saúde. Mais ainda, sem a mínima esperança de um dia serem tratados como gente.
Sinceramente, se você foi capaz de imaginar essa cena e não está trincando os dentes com uma raiva funda, não devemos pertencer, eu e você, à mesma espécie. Como é que essas pessoas conseguem se segurar o suficiente pra não dizer aos seus filhos: ao diabo com a seriedade, se essa nação nos trata como animais, sejamos animais então; arrancando a dentadas qualquer pedaço que se possa botar os dentes e fugindo para a caverna escura do anonimato completo de não ser ninguém. De onde tiram a força para não sair arrebentando as vitrines, destruindo tudo, virando de cabeça para baixo essa lógica insana que as mantém ali? Tiram essa força do medo? Medo de que? Qual é o ponto mais baixo em que podem ser colocadas? Se até os prisioneiros são mais bem alimentados? Se os próprios assassinos nas cadeias recebem alguma coisa, enquanto a eles não é dado absolutamente nada.
Não, não vem do medo essa força. Vem de um lugar muito mais estranho e abstrato, deve vir de uma esperança unicamente sagrada. Que certamente não deve ser religiosa. Deve ser outra medida, extremamente delicada, que impede que se perca a vontade de ser gente, mesmo quando os nossos são tratados como animais.
Ou menos ainda, porque os cuidados oferecidos aos cães das pessoas que tem um lugar decente na nossa sociedade são infinitamente mais humanos que aqueles que recebem as crianças realmente pobres.
Nós, brasileiros, achamos estranho que outros povos considerem vacas e macacos como animais sagrados. Mas sinto que consideramos nossos cães e gatos de estimação exatamente como seres sagrados a quem devemos todos os cuidados. A mim parece estranho que os povos – nós, brasileiros, inclusive – tenhamos tanta dificuldade em considerar sagrados os próprios seres humanos.

(C) 2010 Paulo R. Ferreira. Todos os direitos reservados.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Prêmio Jabuti 2010 ou O dia em que entrevistei Chico Buarque

4 de novembro de 2010 – Cerimônia de entrega do Prêmio Jabuti, 52ª edição, na belíssima Sala São Paulo, um orgulho nacional, uma das mais belas salas de concerto do continente. Cobrindo o evento para a Câmara Brasileira do Livro, desta vez tive a oportunidade única e rara de uma entrevista exclusiva com Chico Buarque de Hollanda – o escritor – porque o cantor e compositor, a estrela da música brasileira estava lá somente para o público e os fãs. Para ele mesmo, e para o Prêmio Jabuti, esteve lá o escritor, o premiado romancista.
Entrevistei Chico em frente ao seu camarim (do lado de fora, a pedido dele mesmo). Tranqüilo como sempre, acompanhado de seu editor Luiz Shwarcz, da Cia das Letras (a quem agradeço muito a simpatia e o fato de ter-me reconhecido de tantos outros eventos cobrindo seus autores), Chico se confessou muito feliz com a premiação, que recebe pela terceira vez: “Me dei conta que receber prêmio literário tem um peso diferente” e disse que reconhece, sim, a importância da presença de famosos como um fator que colabora com a divulgação da literatura e dos livros, algo tão relevante para transformar o Brasil num país de leitores.
Mais tarde, com Chico no palco, o Mestre de Cerimônias Cunha Jr. contando uma passagem acontecida em Frankfurt, quando conheceu Chico; reforçou ainda mais a minha noção do grande privilégio que tive: “entrevistar Chico Buarque é o sonho de todo jornalista, e eu tive essa honra na ocasião”.

Pois o Chico escritor e romancista é de uma humildade desconcertante. Ao cumprimentá-lo eu disse, com toda sinceridade: “- Muito prazer Chico, é uma honra conhecê-lo” – e embora ele deva estar mais do que acostumado a ouvir isso, ainda fica sem jeito. Pedi pra entrevistá-lo, ele concordou na hora, e ainda tive de pedir a ele para mudar de lugar, porque estava em frente ao espelho do camarim – ao que ele pediu, então, que fizéssemos a entrevista do lado de fora do camarim. Fomos e confesso que fiquei com medo de perder a chance, caso juntasse gente – mas o acesso àquela área era muito controlado (não pergunte como eu cheguei lá, tem coisas que não se explica...) e pude, então, entrevistá-lo. Não posso publicar aqui ainda o conteúdo da entrevista, em razão da primazia de uso pela Câmara Brasileira do Livro. Mas posso contar que Chico estava muito feliz com o prêmio, e muito feliz em estar ali. Fez uma entrada tão discreta, já depois de iniciada a cerimônia, que a maior parte do público não viu que ele estava ali. Até o momento em que caminhou para o palco, com a naturalidade e a leveza que os realmente grandes e geniais conseguem ter, para receber o prêmio pelo segundo lugar como Livro de Ficção por “Leite Derramado”. A sala São Paulo veio abaixo em aplausos. E era apenas a sua primeira aparição na noite – ele subiria ao palco ainda por mais duas outras vezes na noite: para receber o prêmio Voto Popular e o Prêmio Livro do Ano.

Ao receber o último de seus três prêmios numa única noite, Chico se encaminhou diretamente para a porta lateral por onde tinha entrado e saiu, discretamente, seguido apenas por amigos que estavam com ele; entre eles Regina Duarte, que momentos antes arrebatara o público com uma leitura genial de um trecho do livro vencedor do primeiro lugar – “Se eu abrir meus olhos agora” de Edney Silvestre. 

Curioso é que antes da cerimônia, enquanto eu a entrevistava, Regina estava preocupada em encontrar um lugar onde pudesse assistir ao final da premiação sem desviar demais a atenção do público. Descobri então, que ela encontrou o lugar perfeito para ser discreta naquela situação: sentou-se perto de onde estava Chico Buarque.

© 2020 Paulo Ferreira. Todos os direitos reservados.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Lista Transformadora - Por Paulo Ferreira

Muita gente com quem trabalhei, convivi e convivo, me pede referências e dicas de leitura e conteúdos, talvez porque eu vivo citando fontes, pensamentos, blogs e links que considero transformadores do pensamento. Então resolvi fazer A Lista Transformadora. Está longe de ser completa, é apenas uma lista que responde à primeira das perguntas da transformação pessoal, que é: "Por onde eu começo"? 

Esta é uma compilação breve de algumas referências que considero absolutamente relevantes para a formação do pensamento e a transformação pessoal. Não existe uma ordem ideal para acessar esses conteúdos, mas dê-se o tempo de conhecer todos eles. Tenho convicção que depois disso, é difícil que alguém não saia transformado e enriquecido, mesmo que leve dois anos - porque alguns livros levam tempo pra ler. E reler. Pressa, neste ponto, é irrelevante.
O mais importante, creio, é não interromper o processo ao se deparar com textos ou conteúdos mais complexos e desafiadores. Os koans do Tao Te King, por exemplo, às vezes parecem estranhos e sem sentido. Isso é sinal que ainda não os entendemos. Li muitas vezes alguns deles, sem compreender-lhes o sentido. Até que um dia, estava pronto e veio o insight. E então, click, faz sentido. Simples assim. Leio o Tao Te King todo ano. Revejo alguns desses conteúdos muitas vezes por ano. Considero muito importante não perder o contato com tudo isso, no cotidiano.

E, sobretudo, considero importantíssimo lembrar algo que disse Sidarta Gautama, o Buda original:

“Não acredite em nada do que eu digo apenas por respeito a mim, mas teste por si mesmo, analise como se você estivesse comprando ouro”

Sunscreen:

Discurso do Steve Jobs em Stanford
  
Livros

Tao Te King – Lao Tse

(Necessariamente na tradução do Huberto Rohden – não leia outra tradução)

 link para uma versão online do livro: http://www.ocaminhodomeio.com.br/taoteking/index.html

link para download em pdf:

Tao.te.Ching-Lao.Tse.rar - 4shared.com - online file sharing and ...


A arte cavalheiresca do Arqueiro Zen – Eugene Herrigen: http://www.yoomp.com/blogs/1141/feeds/MEGA%20ALEXANDRIA%20-%20ebooks/149902/Download%20-%20A%20Arte%20Cavalheiresca%20do%20Arqueiro%20Zen,%20%20Eugene%20Herrigel

O Tao da Física – Fritjof Capra:

O Tao da física - Wikipédia, a enciclopédia livre




EM AGUAS PROFUNDAS - CRIATIVIDADE E MEDITAÇAO
LYNCH, DAVID
Neste livro, uma mistura de autobiografia, história do cinema, ensaio espiritual e manual de meditação, o célebre diretor David Lynch conta como a prática da Meditação Transcendental mudou a sua vida, além de revelar como ela o ajuda a concentrar energias, estimulando sua criatividade e consciência. Um relato de experiências entremeado de histórias jamais reveladas sobre a produção de suas obras-primas cinematográficas. 'Em Águas Profundas' é uma leitura não só para fãs do cinema de David Lynch, mas também para todos que desejam melhorar a sua própria condição mental, através do desenvolvimento da criatividade e da capacidade de concentração.

Sinapse:

Saindo da Matrix

O Destruidor de Dogmas


sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Simples como uma lista de 5 itens

Penso, logo existo. Como ser consciente, bem entendido. Afora isso, existem as vacas e as galinhas, sem consciência mesmo, apenas existindo. Consciência é dar-se conta de sua própria existência e de seus próprios atos. Consciência é escolha. Por inversão, se não penso, não existo como consciência – e não me dou conta dos meus atos.
Ocorre que em tempos de “fazer vinte coisas ao mesmo tempo”; não parar um segundo pra pensar, não há como pensar. Assim, começamos a agir sem consciência dos nossos atos e sem escolher a que nos dedicamos. Resultado disso: damos atenção demais à perfeita administração de um problema circunstancial que vai ser esquecido em três dias – e nos esquecemos completamente do que nos é realmente importante, das pessoas que amamos, das questões que nos fazem acordar de manhã. Confundimos ação com objetivo. Esquecemos porque levantamos pela manhã e porque trabalhamos tanto: para alcançar objetivos e viver plenamente, para sermos felizes. Ninguém em sã consciência se esforça tanto pra ser infeliz. Mas sem pensar, é exatamente o que temos como resultado.
E muitas vezes tentamos nos desculpar com quem amamos, com nossos parceiros e nossos filhos, explicando nossa falta de atenção em função das circunstâncias de ontem, anteontem, da semana passada. Só que é preciso parar um instante para se dar conta que dar valor é, quase sempre, dar atenção. Com isso em mente e cinco minutos de nosso tempo precioso, podemos resolver a questão e consertar nossas prioridades: pegue uma folha de papel e faça uma lista das suas 5 prioridades máximas na vida, as coisas realmente importantes. Apenas 5 itens, por favor. Em seguida, liste também as 5 coisas que mais tomaram seu tempo nos últimos 5 dias. Quanto mais iguais forem as listas, mais você está consciente das suas prioridades verdadeiras, e de fato vivendo, como um ser consciente.
Quanto mais diferentes, mais você está apenas, inconscientemente, existindo. Exatamente como um animal irracional que se deixa levar ao matadouro. Pense nisso. Aja sobre isso. Agora, nesse exato momento.

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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Entrevistando André Midani

Entrevistando André Midani, maior nome da indústria fonográfica brasileira (e um dos maiores da indústria da música no mundo, por muitos anos); durante a participação dele na 21a Bienal Internacional do Livro, em SP:
- André, eu gostaria de lhe fazer uma pergunta como autor literário...
Ele me interrompe, um pouco surpreso:
- Mas eu não sou autor!
- Como não, André? Eu li o seu livro!
- Ah, bom, você tem razão, tem aquele livro (assim ele humildemente se refere ao seu sensacional "Música, Ídolos e Poder - do Vinil ao Download") - é que saiu de circulação, está proibida a venda, então até esqueci dele.
A grandeza e a humildade sintetizadas. André "se esqueceu" que é autor. De um grande livro. Proibiram o livro de circular. Ele cuida do assunto através do advogado, mas "se esquece" do livro, enquanto isso – em tempo: o livro está impedido em função de problemas com uma das personalidades citadas, que aparentemente não gostou do modo como foi retratada.
- Depois que se resolver isso, publico como livro eletrônico, pra download gratuito! - brinca ele.
- André, mas você não vai deixar de escrever, não é mesmo? Seu livro é muito bom!
- Já estou escrevendo outro...
Perfeito. Vou comprar e ler todos, sempre. E vou comprar rápido, logo no lançamento. Só pra não correr o risco de ficar sem.

© 2010, Paulo R. Ferreira. All rights reserved.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Genialidade se expressa com simplicidade



Do meu amigo e cinegrafista Cleiton, depois de vários dias de Bienal Internacional do livro, ouvindo gente como Ziraldo, Maurício de Souza, Jostein Gaarner, Regina Duarte, Paulo Goulart, André Midani, Milton Hatoum, Pedro Bandeira:

- É engraçado que, quanto mais importante e famoso, mais o cara é simples, direto e sem frescuras.

Pra comprovar, veja isso:

Jostein Gaarner, genialidade se expressa e age com simplicidade:

http://www.youtube.com/user/bienaldolivrosp#p/u/13/6Mr9Bhz0cxY

Boa Noite!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

BIENAL DO LIVRO SP



Estou cobrindo a 21a Bienal Internacional do Livro para a Câmara Brasileira do Livro e a Reed Exhibitions Alcântara Machado.

Além de um evento sensacional, com as cabeças pensantes mais geniais do país, a Bienal este ano extrapolou os limites do pavilhão do anhembi e ganhou as ruas da cidade e a web.

Informe-se sobre o evento em www.bienaldolivrosp.com.br

Assista vídeos das palestras em www.youtube.com/user/bienaldolivrosp

Algumas das entrevistas que fiz na Bienal nos últimos dias? Olhe só:

Ziraldo, Maurício de Souza, Pedro Bandeira, Lygia Fagundes Telles, Inácio de Loyola Brandão, Jostein Gaarner, Banjamin Moser, Beth Goulart, Paulo Goulart, Regina Duarte, Alberto Dines, Mike Shatzkin, John B. Thompson, Jean Paul Jacob, Breno Lerner, Ruth Rocha, Tatiana Belinky, Ana Suassuna, Zé do Caixão.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Intuição e Caos.

Há algumas semanas estive lendo o maravilhoso livro de Lawrence Olivier, “On Actin”, publicado no Brasil com o título “Ser Ator”. O livro é encantador, o texto de Olivier é fluido e mostra o tamanho do envolvimento do grande astro com as raízes de seu ofício. Lá pelas tantas, descrevendo os problemas encontrados na montagem de uma peça num teatro no exterior, ele escreve: “como normalmente acontece no teatro quando temos pouco tempo e condições precárias, as pessoas se esforçam, um milagre acontece, e tudo sai muito melhor do que se esperava.”
Imediatamente me lembrei de quantas vezes ouvi gente de comunicação dizer que gostava do “caos e da correria”; que as coisas saíam melhores, mais vivas desse modo. Uma variação da outra declaração típica que “sem correria não tem graça”.
Observando essas idéias em contraste com os estudos sobre criatividade humana e inovação, uma confusão comum me parece estar por trás dessa visão: a confusão entre o poder de usar o conhecimento intuitivo e o caos circundante. Grande parte das pessoas, em condições normais de trabalho, sofre de inseguranças bastante comuns; e vacilam em tomar decisões mesmo quando estas estão dentro de seu campo de conhecimento e experiência. Mas quando pressionadas por um deadline apertado ou pela falta de recursos, muitas vezes utilizam esta “precariedade” como uma forma de libertação de suas inseguranças. Uma vez que o tempo é curto, os recursos, escassos, a condição longe do ideal – sentem-se mais à vontade, mais livres para usar seus conhecimentos mais intuitivamente, quase como se a condição fora do ideal as libertasse das amarras de um resultado “perfeito”.
Aqui reside a questão: a perfeição não pertence a esse mundo, não é objetivo válido – pode ser, e deve ser – um ideal a ser perseguido, contanto que tenhamos sempre a perspectiva e resguardemos a distância entre IDEAL e objetivo em execução.
Uma vez livre da enganosa busca pela perfeição, o profissional se permite ousar, inovar e usar de fato sua intuição - porque se tentar calcular minuciosamente cada detalhe, não chegará a realizar o resultado a tempo. É o mesmo que fazemos quando chutamos uma bola: olhamos para a bola, para o gol, batemos com o pé numa determinada área da bola, que, intuitivamente, imaginamos que a vá direcionar para onde desejamos. Poderíamos nos escorar em cálculos milimétricos de trajetória e força, poderíamos conscientemente pesar cada elemento envolvido antes de desferir o chute. Mas sem dúvida, antes de chegarmos a realizar 1% de todo o cálculo exigido para realizar isso, a bola já nos teria sido tomada pelo adversário.
Portanto, gostaria de chamar atenção para o uso do conhecimento intuitivo, que hoje é cada vez mais valorizado. Ele é o resultado de todas as nossas experiências de vida, tudo que sabemos; concentrado numa resposta rápida que leva à ação. Nem sempre perfeita, é verdade. Mas com a aceleração com que os negócios são feitos hoje, indispensável. Porque assim como no futebol, é mais importante conseguir intuitivamente chutar a bola e mandá-la para a área. Lá, um centroavante poderá arredondar a jogada e transformar o passe em gol. Não há certeza, é claro.
Por outro lado, se você tentar fazer todos os cálculos milimetricamente, há sim, pelo menos uma certeza: a bola vai ser tomada de você antes que tenha feito qualquer coisa com ela.