quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

2007 já foi!

E sobre o que já foi, vale apenas fazer o balanço do que aprendemos, pra ver se a gente consegue mudar o que não deu certo neste ano e acertar mais no próximo.

Então, vou fazer apenas uma lista de coisas que aprendi neste ano, compartilhando a experiência. De minha parte, vou adorar receber as listas do que vocês aprenderam também, então fiquem à vontade para me mandar – quem sabe a gente já começa a fazer um 2008 melhor desde já?

Grande abraço, feliz natal e um 2008 de sabedoria, sucesso, realizações e muito amor.

As lições que 2007 me ensinou:

  1. Quando perder, ao menos não perca a lição.
  2. Exceto pelos que te amam de verdade, tudo mais é passageiro, tudo mais passa pela sua vida num momento e não deixa marcas que durem mais que alguns meses. É pura perda de tempo sofrer por coisas que desaparecem da sua vida tão rapidamente.
  3. Quem se importa com você e está ao seu lado de verdade mostra isso com atitudes. Palavras saem facilmente. Transformar palavras em atos é uma história muito diferente.
  4. Não perca contato com os amigos que continuam amigos depois que o contato diário acabou.
  5. As pessoas que concordam com o que você diz nem sempre vão ser capazes de apoiar o que você faz.
  6. Não insista com pessoas que não acreditam em você. Só é possível fazer algo realmente bom nesta vida ao lado de gente que acredita em você, e em quem você também acredita.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Adjetivos

Nosso tempo tem características bizarras. Uma delas, sem dúvida, é o uso de adjetivos. A função dos adjetivos sempre foi qualificar, exprimir características específicas a sujeitos, de resto, simples: uma cadeira azul, em oposição a simplesmente uma cadeira. E são ferramentas importantes na expressão de opinião. Bom, ruim, fraco, excelente – são conceitos subjetivos, mas antes de tudo, são adjetivos que usamos para descrever algo, ou pelo menos uma opinião sobre algo.
Pois bem, hoje os adjetivos estão cada vez mais desempenhando papel de eufemismos. É mais ou menos assim: o eufemismo é dizer uma coisa para suavizar o conteúdo, para tornar menos contundente uma revelação, por exemplo. É o famoso “seu gato subiu no telhado” ao invés de simples e diretamente dizer que o gato morreu. Fica menos claro, menos informativo, mas compromete menos quem emite a opinião. E é justamente por isso que o adjetivo está perdendo seu uso clássico: porque as pessoas tem medo de emitir opiniões e dizer o que pensam de modo claro. Compromete demais. Imagina alguém te perguntar algo sobre Tropa de Elite e você responder que adorou, gostou muito que é um grande, excelente filme. Pronto: você está comprometido com o que disse, pra você é um excelente filme.

Hoje em dia ninguém quer mais isso: é interessante, é bacana, é válido (e aqui, com licença, mas dizer que algo é válido é o cúmulo do “em cima do muro”) qualquer adjetivo que permita, depois da contra-opinião, rever a conversa com a possibilidade de mudar completamente o rumo do que foi dito:

- você viu o filme?

- Vi sim, é muito interessante...

- ah, mas tem falhas terríveis de roteiro.

- é, é interessante, mas o roteiro deixa a desejar...

Pronto: já ficou agradável, já saiu concordando, cordeirinho balançando a cabeça; sem discussão. Se quem perguntou foi o chefe, então, melhor ainda...

E vivemos nesse tempo que é resultado dessa atitude flácida, que não toma posição, que não defende idéias, que não confronta pontos de vista. Um tempo rico em politicagem, em falação vazia, e fraco de idéias. Criam-se produtos maravilhosos, tecnologias esplêndidas, mas idéias? Quando foi a última discussão acalorada da qual você participou? Quando foi que ficou na ponta de cadeira, discutindo e debatendo algo, eventualmente discordando do seu interlocutor – e exatamente por isso – ambos cresceram com o debate? Se você, como eu, é feliz o suficiente pra conviver com gente de nível pra fazer isso regularmente, que bom. Mas saiba – você é minoria.

O ponto mesmo é que ninguém precisa da briga – mas todos nós precisamos do confronto de idéias – para que elas cresçam e se desenvolvam. E isso exige tomada de posição. Sou a favor – sou contra – gosto, detesto. Posições claras, longe do conforto burro do “não sei, mas parece que falta algo". Isso é de uma covardia absurda: veta, interrompe, mas não traz nada para o debate. Barra o andamento, sem oferecer nenhum argumento lógico ou válido para que o outro possa responder. A mais perfeita arma dos incompetentes, dos indigentes culturais: “falta alguma coisa, mas eu não sei o que é.”.

Isso é uma afirmação tão absoluta de falta de consistência que em outros tempos, ninguém se permitiria dizer, por um mínimo de vergonha na cara. Se você vai se opor a algo, seja o que for, por favor, primeiro tenha argumentos, para depois abrir a boca.

Mas enfim, esses são nossos tempos cinzentos, onde nada deve ser claro, onde preto e branco não combinam com a flacidez, a politicagem e a falta de espinha dorsal das pessoas “certinhas”, saudáveis e prósperas, centradas no consumo descartável e no “tudo bem contanto que não me incomode pessoalmente”.

Então, pra terminar e deixar bem claro, bem estabelecido: sou contra essa moleza de intelecto, sou contra essa mania de achar que o agradável vale mais do que a verdade.

Pronto, falei. Agora, azar o meu.

sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Diálogo V – Atenção.


Você me ouviu?

Ahn?

Eu estava falando com você – você não ouviu nada do que eu disse?

Desculpe – não ouvi, tava pensando em outra coisa.

Pois é – isso é exatamente o que eu acho que faz com que a gente tenha a impressão do tempo passar mais rápido...

O que? Eu não ter te ouvido?

Não. A gente não conseguir manter a atenção numa coisa de cada vez.

Como é? Olha desculpa, eu não quis te chatear...

Não, não é isso, não chateou. O que estou dizendo é outra coisa: quando eu me lembro de quando era criança, sempre tenho a sensação de que o tempo demorava bem mais pra passar.

É, eu também. Provavelmente todo mundo sente isso. E daí?

Daí que eu acho que é a coisa da atenção. Quando se é criança, a gente tem atenção total pra tudo. Seja o que for. Um besouro no chão, uma palavra nova, uma cor diferente: seja o que for, quando capta a atenção, capta toda a atenção a criança. Depois vem a adolescência e pronto, vai-se embora a atenção, pelo menos essa atenção cem por cento.

Fica fracionada, sim – mas tem jeito? A gente não consegue pensar numa coisa só, tem muita coisa pra resolver.

Então – aí nossa atenção fica partida: tem mil coisas na cabeça ao mesmo tempo. Todas elas consumindo um pedaço da nossa atenção; nenhuma tendo a atenção total. Eu acho que é por isso que o tempo parece passar depressa demais: porque enquanto a gente está com a atenção dividida em mil pedacinhos, a cabeça tenta entender e processar tudo isso – e aí o dia fica curto, os minutos escorrem por entre os dedos.

Queremos pegar tudo ao mesmo tempo, queremos entender tudo. Misturamos assuntos o tempo inteiro, falamos de duas ou três coisas, e ainda temos mais umas quatro ou cinco das quais não falamos, porque não dá... tempo. Percebe? Se a gente tratasse de uma coisa de cada vez, talvez desse tempo de fazer mais coisas.

Ou talvez a gente ficasse com muito mais coisas por fazer e resolvesse menos ainda...

Pode ser. Mas por alguma razão, tenho certeza que seríamos muito, muito mais felizes.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Diálogos IV – Desenvolvimento da Consciência Humana

Como é que chama esse lugar mesmo?

IDCH

E o que quer dizer isso?

Instituto de Desenvolvimento da Consciência Humana

Você tá inventando, né?

Não. Tá na camiseta do cara lá no balcão.

Nossa.

O shitake tá bom

O meu tá meio sem gosto.

Põe um pouquinho do teriaki que tá ótimo.

Ué – olha lá: tem cerveja aqui?

É. Mas o garçom disse que só tinha suco.

Acho que a cerveja não vai ajudar muito no desenvolvimento da consciência humana...

Será que a gente consegue aquele sofá do canto?

Essa música tá muito boa... um jazz-acid-indiano-citarizado.. uou...

É a noite Fluid. Chill art...

Hã? Chill out?

Não, chill art mesmo

...

Isso é o máximo, não quero ir embora, tô com vontade de dormir aqui

Às quatro da manhã eles devem ter que acordar todo mundo pra poder fechar...

O pessoal não dança?

Tem alguns ensaiando uns passinhos

Nossa, tem um misto de Ney Matogrosso com Paulo César Pereio se esbaldando ali...

Yoga...

Yoga...

Aquela menina ficou parada meia hora olhando pra banda e pra pista de dança, sem se mexer. Parecia num transe, fora do mundo. Depois, lentamente, começou a se mexer como se finalmente tivesse se conectado à música...

É o Desenvolvimento da Consciência Humana...

Mas como tem plantas bonitas aqui.. o que será que eles fazem?

Regam?

Não... não pode ser só isso.. tem plantas lá dentro também...

É... as plantas também desenvolveram a consciência... essa coisa natural, saudável...

Olha, eu acho que é outra coisa mesmo...

O que?

Acho que o teto abre...

Ah...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Diálogos - 3 -

Então...

Pois é.

Não é irritante quando aparecem esses silêncios no meio de uma conversa?

Olha, depende. Com você eu não me incomodo não.

Como assim?

Com quem a gente não conhece bem é que fica chato; mas com você eu não me incomodo que isso aconteça. Acho que tem uma coisa de intimidade – é como uma barreira que se ultrapassa: você começa a estar realmente à vontade com alguém quando consegue ficar em silêncio e não se sentir incomodado com isso.

Então você está dizendo que eu não estou á vontade com você, mas que você está à vontade comigo?

Pode ser. Não sei, mas pode ser sim. As relações não avançam igualmente dos dois lados – cada um tem seu próprio tempo e ritmo.

Interessante isso. Mas eu acho que tem gente que nunca passa por isso. Eu conheço um cara que sempre tem assunto – é uma coisa incrível – e sem ficar perguntando se vai chover, é claro, porque isso não conta, nem é conversa realmente.

Ele é solteiro, né?

É divorciado, eu acho.

E está sozinho, certo?

Não sei. Mas o que isso tem a ver com o assunto?

Porque ele precisa falar, tem tudo a compartilhar e ninguém pra fazer isso com freqüência.

Pode ser, mas eu conheço gente que é assim e não vive sozinho.

É, pensando bem, tem gente que esse talento de manter a conversa em alta mesmo...

Eu li uma vez que isso é importantíssimo pra quem organiza jantares e festas em casa: você precisa misturar os convidados colocando essas pessoas entre outras que não falam tanto, assim os grupos conversam e todo mundo acha a festa ótima...

É, às vezes vou almoçar com alguém e a conversa não rola... aí eu me lembro que fui almoçar com a pessoa antes e tinha rolado bem.... Só pra me dar conta que quem manteve o assunto em alta foi um terceiro – que não estava nesse outro almoço, entende?

Você fica sem assunto? Essa não...

Não, não acontece muito... Mas depende da situação. Essas pessoas que você está falando são aquelas que nunca passam por isso, certo? Eu já passei.

Eu também.

É.

Pois é.

...

Viu?

O que?

O silêncio: aconteceu de novo. É por causa das respostas curtinhas. Quando você dá uma resposta curtinha, funciona como se fosse um ponto final num texto escrito: pára a comunicação.

É.

Viu? Outra vez: é só você dizer “É.” Que acontece....

É?

Bom... Assim não acontece porque é uma pergunta....

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Diálogos - 2

Diálogos - 2

Elas estavam falando de dinheiro, mas você sabe, sempre acabam falando das pessoas que as contratam...

E as pessoas que contratam, falando das contratadas.

Os ricos falam de dinheiro de um modo muito mais à vontade.

Talvez em outros países, porque aqui todo mundo tem medo de dizer que tem dinheiro.

Mas não é engraçado que os pobres falem dos ricos e os ricos falem dos pobres?

Porque é que os ricos falariam dos pobres?

Porque falam, o tempo todo. Falam da empregada, de como o porteiro age, de como a filha da faxineira gasta dinheiro...

Acho que é uma coisa de olhar “o outro” – a classe social separa, coloca num outro patamar, e então você pode criticar e falar à vontade, porque não te atinge, os problemas são outros.

Tem problemas que acabam sendo iguais. Acho que fofoca é fofoca, tudo igual – falam todos sobre todos e pronto.

Também. Mas tem um fascínio naquilo que não tem nada a ver conosco, nada a ver com a nossa realidade. O pobre diz que se fosse rico faria tudo diferente. O rico também: diz que se fosse pobre, agiria de um modo totalmente diferente.

Nenhum tem a menor idéia do que está dizendo, na verdade.

Não tem, não faz idéia de como é...

E a gente tem?

Claro – no padrão Brasil, a gente se sente rico em alguns momentos e pobre em outros – na verdade, só quem está no meio enxerga um pouco de cada lado.

Mas e essa coisa de achar que se fosse você, seria diferente – todo mundo tem mania de se achar exceção.

Pois é.. Exceção coisa nenhuma, porque quando você vai ver na prática, as pessoas fazem as coisas de um modo muito igual...

Sabe uma coisa que é muito engraçada? As pessoas que não tem muito dinheiro dizem sempre: se eu tivesse muito dinheiro, parava de trabalhar hoje mesmo. Já as pessoas que tem muito dinheiro, normalmente dizem que querem trabalhar até o último dia das suas vidas.

Ah, mas eu queria ver alguém dizer que quer fazer isso sendo lixeiro, isso você nunca ouviu...

É, quem quer trabalhar é porque gosta do que faz

Ou porque está sendo bem pago, mesmo que não goste tanto.

Talvez, mas é porque pode escolher – o lixeiro não pode escolher nada: parou de trabalhar, morre de fome. Então, não podendo escolher, ele é obrigado àquilo – e todo mundo odeia ser obrigado a algo. Se você não precisa trabalhar pra viver passa a ser escolha e pronto: acabou o problema.

Porque você escolheu, acabou o problema?

Ora, se você escolheu e não acabou o problema, é pior ainda, porque a culpa seria toda sua: foi você que escolheu e está achando ruim?

Bom, na pior das hipóteses, se você pode escolher, vai lá e muda; escolhe outra coisa.

Ou fica reclamando.

Mas aí já é outra conversa: tem gosto pra tudo nessa vida, e como tem gosto pra tudo, tá cheio de gente que adora reclamar. Não muda nada, embora possa mudar tudo, simplesmente porque ama viver reclamando, não sabe ficar satisfeito com nada, nunca. Tem pavor de satisfação?

Acho que não é pavor não. Acho que é só porque não sabem o que é estar satisfeito: nunca sentiram isso na vida.

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Diálogos

Diálogos são reais e ficção ao mesmo tempo.

O melhor diálogo ficcional já aconteceu, ontem mesmo, na mesa ao lado. Os melhores diálogos das nossas vidas são aqueles que nos parecem escritos por alguém mais talentoso que nós mesmos.


- I -

Eu quero só a verdade, só isso.

Mas.. não dá pra você querer algo mais fácil?

O que é mais fácil? Pelo amor de deus... a verdade é o que é.. você não precisa inventar, não precisa criar nada, é só dizer o que é e pronto.

Hum hum. E arcar com as conseqüências – não esqueça dessa parte.

Mas quem tá pedido a verdade vai brigar depois por quê?

Porque, eu não sei – mas sei que é assim. Você pede a verdade, o idiota diz... Você briga em seguida. Porque verdade é foda.. Não é pra agradar, é a verdade. Quase ninguém tá pronto pra verdade nunca.

Por isso todo mundo mente o tempo todo então?

Claro. É muito mais fácil e mais agradável. Dá menos dor de cabeça. A verdade às vezes é muito chata.

Mas é um saco viver sem nunca ouvir os fatos

Os fatos ninguém nunca tem. Porque tudo é sempre a interpretação de alguém sobre os fatos. Fatos são só o que você mesmo vê – e ainda assim, são os seus fatos – porque fatos, assim, puros – esses não existem mesmo.

Que chatice. Quando alguém te diz algo que não lucra nada por dizer, pode ser a verdade.

Pode. Mas raramente é.

Verdade radical. Aliás, o que alta nesse mundo são pessoas e coisas mais radicais – tudo muito médio...

É porque o médio, o mediano, é mais fácil, menos arriscado e acaba sendo mais fácil se sustentar sendo médio. Já viu quantos gênio e artistas só se ferram? Ser idiota dá prejuízo, mas ser inteligente demais também: o cara fica pensando demais na vida, avaliando tudo, entendendo tudo... Enquanto isso um mediano vai lá e vende uma coisa qualquer, ganha dinheiro e o inteligentaço acaba pensando com o bolso vazio.

Legal. Mais uma força pra campanha contra a educação, pra que estudar, pra que se informar?

Mas é, né? O que se recebe de aumento nos salários muitas vezes não dá pra compensar o investimento que se faz nos cursos e diplomas...

Seria cômico se não fosse trágico

Seria trágico se não fosse cômico...

Você pode imaginar uma pessoa dizendo sempre a verdade? Não rola, isso é personagem de programa de humor, não é gente.

Sinceridade não é pra qualquer um. É só pra quem merece. Conversa mole você pode ter com qualquer idiota. Mas sinceridade não – porque sinceridade custa muito caro quando você entrega pra pessoa errada.

Pra que deixar qualquer pessoa saber o que você pensa? Pra qualquer um a gente tem a conversa de elevador, o papo sobre o clima, o será-que-chove-hoje e tá muito bom.

Certo, mas e esse tipo de conversa, que é quase metalinguagem, esse tipo de conversa que é falar sobre o que é falar com os outros que não estão aqui agora? Com que tipo de gente se tem esse tipo de papo?

Com quem você acha, sente ou pelo menos acredita que é como você, que é farinha do mesmo saco que você é.

Não sei se eu gostei disso.

Não é pra gostar não. É só o fato.

Hmmmm

É o fato puro e simples.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

2 de janeiro.

Este não é um texto sobre o Natal, cheio de esperanças, votos e presentes.

Nem um texto sobre as definições de Ano novo, as coisas que a gente decide no dia 31 de dezembro e passa o dia primeiro de janeiro divulgando pros amigos, a cada telefonema, a cada e-mail, repetindo todas aquelas decisões tão importantes. Tão importantes que as tomamos bem no meio da correria de dezembro, quando é difícil até mesmo dar conta da agenda, que dirá repensar as linhas gerais de como a gente anda vivendo.

É sobre este dia esquecido, desconsiderado, que é o 2 de janeiro. Porque depois da longa temporada de exceção que vivemos no mês de dezembro – vendo parentes que não vemos sempre, conversando e abraçando pessoas com as qual mal falamos o ano todo, comprando mais do que o normal, pagando mais que o normal, comendo mais que o normal – trabalhando em horários diferentes, menos horas, mais horas, menos dias ou seja como for, sempre diferente dos outros meses – finalmente começamos a voltar à normalidade, depois do feriado mundial do dia primeiro (um feriado tão sério que até mesmo em São Paulo fecham-se lojas de shopping e hipermercados 24 horas!) no famigerado dia 2 de janeiro.

Independente de que dia seja no calendário, o dia 2 é a maior segunda-feira do ano.

Então, é sobre esse dia mesmo; em que a gente reencontra as mesmas pessoas com as quais trabalhamos o ano inteiro, com as quais discutimos e sofremos e nos divertimos – aquelas que realmente fazem parte do nosso dia-a-dia – até porque a Tia Sofia e o Tio-avô Zezinho a gente não vê em outro mês que não seja dezembro.

Reencontramos as mesmas pessoas, os mesmos problemas, as mesmas alegrias, as mesmas chatices. Tudo igual, no fundo. Um ano a mais, uns dias depois, essencialmente, tudo igual.

E se é tudo igual é porque, no fundo, fazendo o que sempre fizemos, vamos ter o resultado que sempre tivemos. Porque a gente adora falar em mudança, mas mudar de verdade... já é outra dor de cabeça, bem diferente.

Então, legal seria se a gente fizesse o exercício de tentar mudar alguma coisa – de buscar no fundo da alma um pouco mais de tolerância, um pouco mais de doçura, um pouco mais de alegria.

Que a gente fizesse o exercício prático – não teórico, não de discurso – mas prático mesmo – de conversar com as pessoas com um pouco mais de calma, de ter um pouco mais de tolerância com os limites dos outros, de ser mais compreensivo, mais humano, verdadeiramente humano, no sentido positivo.

Como disse Ghandi há muito tempo atrás: “você precisa ser a mudança que quer no mundo.”

A paz mundial começa na sua porta. O amor universal começa no seu abraço.

Que em 2007 todos possamos fazer alguma coisa diferente, nova.

Que em 2007 possamos fazer melhor.