quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

2 de janeiro.

Este não é um texto sobre o Natal, cheio de esperanças, votos e presentes.

Nem um texto sobre as definições de Ano novo, as coisas que a gente decide no dia 31 de dezembro e passa o dia primeiro de janeiro divulgando pros amigos, a cada telefonema, a cada e-mail, repetindo todas aquelas decisões tão importantes. Tão importantes que as tomamos bem no meio da correria de dezembro, quando é difícil até mesmo dar conta da agenda, que dirá repensar as linhas gerais de como a gente anda vivendo.

É sobre este dia esquecido, desconsiderado, que é o 2 de janeiro. Porque depois da longa temporada de exceção que vivemos no mês de dezembro – vendo parentes que não vemos sempre, conversando e abraçando pessoas com as qual mal falamos o ano todo, comprando mais do que o normal, pagando mais que o normal, comendo mais que o normal – trabalhando em horários diferentes, menos horas, mais horas, menos dias ou seja como for, sempre diferente dos outros meses – finalmente começamos a voltar à normalidade, depois do feriado mundial do dia primeiro (um feriado tão sério que até mesmo em São Paulo fecham-se lojas de shopping e hipermercados 24 horas!) no famigerado dia 2 de janeiro.

Independente de que dia seja no calendário, o dia 2 é a maior segunda-feira do ano.

Então, é sobre esse dia mesmo; em que a gente reencontra as mesmas pessoas com as quais trabalhamos o ano inteiro, com as quais discutimos e sofremos e nos divertimos – aquelas que realmente fazem parte do nosso dia-a-dia – até porque a Tia Sofia e o Tio-avô Zezinho a gente não vê em outro mês que não seja dezembro.

Reencontramos as mesmas pessoas, os mesmos problemas, as mesmas alegrias, as mesmas chatices. Tudo igual, no fundo. Um ano a mais, uns dias depois, essencialmente, tudo igual.

E se é tudo igual é porque, no fundo, fazendo o que sempre fizemos, vamos ter o resultado que sempre tivemos. Porque a gente adora falar em mudança, mas mudar de verdade... já é outra dor de cabeça, bem diferente.

Então, legal seria se a gente fizesse o exercício de tentar mudar alguma coisa – de buscar no fundo da alma um pouco mais de tolerância, um pouco mais de doçura, um pouco mais de alegria.

Que a gente fizesse o exercício prático – não teórico, não de discurso – mas prático mesmo – de conversar com as pessoas com um pouco mais de calma, de ter um pouco mais de tolerância com os limites dos outros, de ser mais compreensivo, mais humano, verdadeiramente humano, no sentido positivo.

Como disse Ghandi há muito tempo atrás: “você precisa ser a mudança que quer no mundo.”

A paz mundial começa na sua porta. O amor universal começa no seu abraço.

Que em 2007 todos possamos fazer alguma coisa diferente, nova.

Que em 2007 possamos fazer melhor.