quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O Diabo é o Medo.


"Somos uma corda estendida por sobre um abismo; o abismo que separa o animal que fomos do supra-homem que podemos ser."
Nietzsche



Um dia meu genial amigo Fernando Taulois me escreveu um de seus emails incríveis e entre outras coisas, compartilhou comigo uma idéia sob a forma de uma pergunta:

- O diabo é o medo?

Sim, o diabo é o medo.  Uma das duas forças fundamentais que nos movem na vida. O medo é grande, pode ser imenso, poderoso. Motiva ações no mundo todo, todos os dias, e faz com que pessoas acordem e façam tudo aquilo que não gostariam, o dia todo. Faz com que sejamos "Os únicos animais que fazem o que NÃO querem".  Porque a alternativa; inspira o medo.

Mas o medo não é a única força que nos move. Somos movidos - como tudo neste mundo - por duas forças, dois pólos, yin e yang.

A força oposta ao medo é o amor. Amor que os homens já não sabem muito bem o que significa; exceto quando olham para seus filhos.
Porque amor é uma força difícil de ser entendida por seres tão pequenos como nós: o amor, para ter força, exige uma coisa que nos é muito difícil: o amor verdadeiro é incondicional.
Todo amor verdadeiro é incondicional. E tudo que é incondicional tem a força da certeza, daquilo que É, simplesmente. É simples amar o belo, o fácil, o confortável. O que nos ajuda, o que nos impulsiona.
É difícil amar o que nos desafia, o que nos desestabiliza, o que nos exige. E veja que amamos tudo isso em nossos filhos - exatamente porque amor é incondicional.
Ou não é amor.
Somos seres muito pequenos, frágeis e limitados, não conseguimos erguer os olhos de nossos umbigos em 99% do tempo. Por isso, pode-se dar ao amor o nome que quiser, mas ele não será algo fácil de ser alcançado, porque exige verdadeira entrega.

Mas uma vez que haja essa entrega, curiosamente, não há nada mais fácil.

Já o medo - o medo é natural a todos os animais, é tão básico que acontece antes do raciocínio - é tão rasteiro que qualquer réptil é capaz de senti-lo. É a parte mais primitiva de nós, a parte que conhecemos mais intimamente, há milhares de anos. A parte quase irresistível da nossa natureza bestial.

Quase. Porque somos, todos, capazes de vencer nossos medos, quando surgem motivos certos. Oposto ao medo, o amor é a mais sofisticada, evoluída e sutil manifestação da nossa capacidade como "seres que podem ser mais que simples animais".

Mas faz relativamente pouco tempo que somos mais que animais.
Isso ainda nos é distante, estranho, pouco natural.
Precisamos ainda de esforço e concentração. Um dia será natural, ainda mais natural que o próprio medo. Não é para a nossa geração, claro.
Mas contemplar essa idéia, e defendê-la, é o melhor que podemos fazer como "nossa parte" para ajudar a pavimentar esse caminho.



© 2010 Paulo R. Ferreira. Todos os direitos reservados.

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